O espaço urbano da cidade de Esperança - PB é palco de um comércio informal muito bem desenvolvido, uma das maiores feiras livres da região, que ocorrem as quartas-feiras e aos sábados, onde os comerciantes informais vendem seus produtos com afluência de pessoas de cidades vizinhas e zona rural com produtos agropecuários de boa qualidade, sendo a cidade “Polo do Brejo Paraibano”, na comercialização de mercadorias.
As férias livres constituem-se em uma prática comercial muito antiga, que garante o suprimento de gêneros alimentícios das cidades nordestinas. Embora percebida como modelo comercial ultrapassado, que preserva características medievais, as feiras promovem o desenvolvimento econômico e social, fomentando a economia das pequenas cidades interioranas. Em Esperança não é diferente, a feira é uma questão socioeconômica relevante e atende a diferentes grupos sociais.
Vale ressaltar que, não há uma estrutura organizada fixa para tal comércio, isto é, existe apenas um mercado público, insuficiente, para abrigar pequena parte dos comerciantes, os demais, no entorno dele, como num passo de mágica, armam seus bancos ou mesmo no próprio chão, expõem suas mercadorias, aquecendo a economia informal da cidade. A primeira vista, é um lugar muito desorganizado, no entanto, seu espaço é dividido em setores, conforme os produtos vendidos. A variedade de produtos concentrada num mesmo lugar e os preços reduzidos são dois grandes atrativos da feira, que possibilitam o consumo nas camadas da população de menor poder aquisitivo.
Observamos que o tempo passa, chegou a modernidade, mas a feira livre continua sendo prestigiada pelos esperancenses. Ninguém fala em modernizar aquele espaço urbano, e a cada dia a feira ganha mais vendedores/comerciantes informais e consumidores.
Dessa forma, o espaço urbano de Esperança – PB é bem utilizado na feira-livre. O curto período usado pelos comerciantes é valorizado de forma tão significativa que promove a qualidade de vida da população, tanto dos consumidores que compram naquele espaço e tem a possibilidade de adquirir bons produtos, quanto dos feirantes que tem o meio de gerar suas rendas.
Comparando a modernidade dos grandes varejistas com as condições de trabalho das feiras, é inevitável percebê-la como modelo de comercialização ultrapassado e decadente. Entretanto, se observada sob outros aspectos, a feira livre revela-se um espaço de grande complexidade e fomentador de desenvolvimento local.
O universo da feira não se limita à execução de transações comerciais, nela, as tradições locais são reproduzidas e valorizadas. Diante de modelos econômicos promovedores de exclusão social, a feira gera muitas oportunidades de trabalho. Por fim, a feira livre pode refletir uma imagem positiva do ponto de vista cultural, pois é uma importante instituição que resguarda tradições, indiferente ao processo de modernização.
Marilda Coelho da Silva (Professora / Historiadora e Especialista em Educação Profissional de Jovens e Adultos – PROEJA / Graduanda em Filosofia / Coordenadora de Ciências Humanas e suas Tecnologias na cidade de Esperança / Mestranda em História pela UFCG
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