A Educação é o
processo integral de formação humana, pois cada ser humano ao nascer, necessita
receber uma nova condição para poder existir no mundo da cultura. Esse processo
inclui a aquisição de produtos que fazem parte da herança civilizatória e que concorrem
para que os limites da natureza sejam transpostos. Entre eles se colocam os
conhecimentos racionais que promoveram o desenvolvimento científico e cultural
da humanidade, e a consciência de que o ser humano é o próprio produtor das
condições de reprodução de sua vida e das formas sociais de sua organização e
devem ser orientadas pelos princípios da solidariedade, do reconhecimento do
valor das individualidades, respeito às diferenças, e pela disciplina das
vontades.
Assim,
podemos considerar que a educação é o cerne do desenvolvimento da pessoa humana
e da sua vivência na sociedade. Nesse processo, o ser humano aprende os modelos
vigentes na sociedade, que perpassam todas as instâncias da vida, como hábitos,
costumes, crenças e valores. Segundo Libâneo (2003), a educação tem por objeto
fazer do indivíduo um instrumento de felicidade, para si mesmo e para os seus
semelhantes, porque a felicidade é coisa essencialmente subjetiva, que cada um
aprecia a seu modo. Tal fórmula deixa, portanto, indeterminado o fim da
educação, e por consequência à própria educação, que fica entregue ao arbítrio
individual.
O
ser humano por não receber qualquer determinação por natureza pode construir o
seu modo de vida tendo por base a liberdade da vontade, a autonomia para
organizar os modos de existência e a responsabilidade pela direção de suas
ações. Essa característica constitui o fundamento da formação do sujeito ético.
Este deve ser o objetivo fundamental da Educação, ao qual deve ser submetida
toda e qualquer prática educativa, aí incluídas as escolares. “O homem é a única criatura que precisa ser educada.
Por educação entende-se o cuidado de sua infância (a conservação, o trato), a
disciplina e a instrução com a formação”. [...] “O homem não pode tornar-se um
verdadeiro homem senão pela educação. Ele é aquilo que a educação dele faz”
(KANT, 1996, pp. 11 e 15).
Na medida em que vai se tornando o mais legítimo
espaço na sociedade moderna para realizar a educação das crianças e dos
adolescentes, a educação terá de se transformar para recepcionar essa função
que lhe caberá por injunção social: a de ser, não apenas o lugar da
escolarização, mas, sobretudo o da formação humana e o da formação do sujeito
ético.
“A educação é então uma atividade, uma prática mediante a qual buscamos
aprender a praticar essa subjetividade e encontrar aí as referências para a
nossa vida, para as nossas ações que constituem de fato nossa existência real”
(SEVERINO, 2002, p. 186).
Entendemos
que a educação escolar não pode limitar-se a mera transmissão de conteúdos. É
preciso rever seu papel perante a sociedade de modo a resgatar a sua verdadeira
função social: a humanização do ser humano, para isso, é necessário o
conhecimento e a prática dos valores humanos inerentes ao homem, de modo a
ajudar cada ser na busca pelo conforto interior. Nessa
perspectiva, o ser humano precisa da educação, pois é ela que o faz humano: a
educação o forma; ela o constitui como humano. Kant ressalta a ideia de se dar
uma forma conveniente ao humano: “É entusiasmante pensar que a natureza humana
será sempre melhor desenvolvida e aprimorada pela educação e que é possível
chegar a dar aquela forma que em verdade convém à humanidade” (1996, p. 17).
Por fim, a educação promove a formação humana, a
qual torna o homem humano.
REFERÊNCIAS
KANT, I. Sobre a pedagogia. Trad. Francisco Cock Fontanella. Piracicaba, SP:
Editora Unimep, 1996.
LIBÂNEO, José
Carlos. Adeus professor, Adeus
professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 7ª ed. São
Paulo: Cortez, 2003.
SEVERINO,
A. J. A Filosofia da Educação no Brasil: esboço de uma trajetória. In:
GHIRALDELLI Jr., Paulo (org.). O que é filosofia da educação? 3. Ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2002.
Por Marilda Coelho da Silva
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